O que aquilo significou para mim

Saudades.
Dos tempos, das aventuras, das quedas, das nódoas negras, do cansaço.
Talvez caía não uma vez mas duas, três e mais. E ria-me, ria-me com as quedas porque aquilo era divertido com as nódoas negras a aparecer uma a seguir a outra. Devem pensar como uma queda sobre queda era divertido, era. Doloroso. Valia a pena.
Aos 12 anos pela primeira vez pisei um palco. Um palco novo, a aventura começou. Não era nenhuma passerela, mundos diferentes, distintos.
Era um palco, com luzes, dezenas de pessoas para as fazer vibrar com os meus movimentos e com as caretas todas.
A dança.
Um mundo que desde pequena me fazia vibrar, sempre andei a tentar fazer coisas difíceis e coreografias que via na altura através de videos clips na tv. Era um mundo que me fazia esquecer tudo e ser eu mesma. Só quem gosta e sente verdadeiramente irá entender.
Aos 13 anos entrei em competições nacionais com o grupo da escola, hip-hop e danças urbanas era o estilo que nos definia, éramos todos crianças a abraçar pela primeira vez a competição com aqueles gigantes de 16 e 18 anos que arrasavam-nos só de olhar para eles. Roupas extravagantes, maquilhagem elaborada e nós. Calças cinzentas simples, sapatilhas aleatórias e uma simples t-shirt de cores diversas ou laranja com logótipo da escola. Éramos aquilo, crianças a lutar pelo gosto e não pelo titulo, aquelas criaturas gigantes eram invencíveis.

Flutuávamos todos em sintonia naquele palco, arrasamos. Superamos as nossas expectativas nossas e da professora.
Sim, a menina nerd e caixa de óculos de 13 anos era terrível naquele palco!
Ganhamos aqueles gigantes e saímos do auditório vitoriosos e com um orgulho tremendo!
Ano após ano aquele palco era nosso, só nosso! Apesar de não trazermos medalhas ou troféus o nome era espalhado por um grupo unido e carismático.

Aos 16 anos terminou tudo.
Já nada era igual. Desgraça? Sim!
Comecei a engordar, estrias, celulite e pouca resistência acham pouco? Era o fim.
Bem que houve pessoas de auditórios a dispensar o espaço para o grupo continuar, mas ninguém queria. Só alguns gatos pingados incluindo eu que queriam lutar por um futuro na dança. Meio ano depois já estávamos exaustos que aquele grupo unido e carismático já não existia, o grupo tinha dispersado e esquecido o gosto pela dança, só queriam saber da nova escola, novo grupo de amigos e namorados.
Era tudo novo e entusiasmante para todos eles, menos para mim. Para mim significava que perdera o meu refugio, o meu único mundo que me fazia sentir bem. Era o meu saco de boxe, era onde cada estalo que me davam, que cada nome de caixa óculos, feia, nerd e outros expulsava ali naquela dança a minha raiva.



Hoje a passar os 20 anos ainda tenho aquele bichinho da dança, tenho saudades de me sentir bem, talvez não do grupo que acabou por ser destruído a partir daquela altura, sinto saudades de como era bom sentir livre e relaxada.
Já me pediram para avançar com o projecto de voltar ao activo e a minha força interior diz que sim, mas infelizmente o meu corpo não é o mesmo quando tinha 13 ou 16 anos, mudou, está com marcas das quedas (que ainda hoje tenho devido a quedas) e os meus joelhos doem por parar com o activo radicalmente.
Estou enferrujada.

Não digo que seja tarde, talvez por falta de inspiração e de alguém que me acompanhe nesta aventura que não tem hora nem dia para começar, talvez nunca comece apesar de o bichinho nunca irá desaparecer eu sei. Sinto!

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4 comentários

  1. História super inspiradora... Quem sabe não voltas a subir um palco? eheh
    Um beijinho grande, linda! eheh
    ____________________________
    www.focusonmeblog.com

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  2. Se quiseres voltar ao mundo da dança e ganhar uns trocos, dá uma espreitadela aqui: http://latinasdance.wix.com/latinas-dance - É um grupo formado por uma colega minha :)

    Beijinho*

    Cristiana Teixeira ~ Pink and Sparkle

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  3. É daquelas coisas que não se esquece nunca, não é? Saudades de dançar:(

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  4. Gostei de ler sobre esta tua paixão, não devias ficar por aqui!

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